Sua missão era entrevistar uma atriz global para uma revista de boa forma. Já atrasada, com um ar de quem tinha dormido pouco, rumou para a dita entrevista.
Todo o blá-blá-blá de o que faz para manter a forma, como cuida do cabelo e da pele. E por fim o questionário padrão de "como é sua dieta no dia-a-dia?".
Essa era a parte em que ela mais se divertia. A cada resposta padrão das perfeitinhas do fotoshop, ela respondia mentalmente suas próprias respostas, uma forma de aliviar a tensão e de reprimir a vontade de gritar: "Ah!Fala sério!Jura que ricota é seu queijo favorito?"
- Como é seu café da manhã?
- Ah, um pãozinho integral, com requeijão light e um copo de água.
-"Um pão de queijo com mel e um café preto com açúcar. Se der tempo o bolo de chocolate de ontem também entra na dança."
- O que nunca falta na sua geladeira?
- Muitas frutas e verduras, claro.
- "Azeitona, queijo e cerveja. Uma lasanha congelada também, Você nunca sabe quem vai aparecer."
- O que carrega na bolsa para a hora da fome?
- Barrinha de cereal ligth ou um mix de frutas secas.
- "Um sonho de valsa e um livro. Se o bombom não aplacar a fome, me distraio com o livro."
- O que faz quando precisa perder uns quilinhos?
- Corto os carboidratos e passo a mamão e água.
-"Cancelo o chopp com as meninas e proíbo convites para uma pizza ou um rodízio de massas. Ou seja, vida social zero no fim de semana."
- Você come carne vermelha?
- Só uma vez por semana. Frango de vez em quando, peixes quase todos os dias.
-"Ao ponto, por favor. A não ser que seja uma picanha, essa tem que ser mal passada!"
- Como repõe as energias?
- Faço yoga, uma saudação ao rei sol ou tomo um suco de luz.
-"Ligo para as meninas e saímos para dançar até o rei sol aparecer."
- Os doces são uma tentação para você?
- Minha ligação com os doces já resolvi nas seções de terapia. Foram banidos.
-"Uma tentação e uma necessidade. Minha TPM ainda não resolvi na terapia."
- E no jantar?
- Não como mais nada depois das 18h. Somente líquidos.
-" Ih, eu também! Mas acrescento umas fritas se for possível. Com um choppinho então, eu e as meninas adoramos dividir umas calorias!"
-Obrigada querida! As leitoras irão amar suas dicas! Tão reais e super aplicáveis! "Para uma vida chatinha, diga-se de passagem!"
Vai embora pensando quem são as mulheres possíveis, aquelas que todas nós podemos e queremos realmente ser.
Comedora de palavras
sábado, 15 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Pessoas de papel
Há alguns dias li o livro Cidades de Papel de John Green, aclamado escritor do best seller "A culpa é das estrelas", exemplar ainda não lido. Uma leitura rápida e gostosa, no estilo ler para espairecer. Nada complexo, diria que até presumível. Green tem um estilo despojado, com algumas pitadas de pegadas filosóficas existenciais, voltado para um público mais jovem, constituindo mais do mesmo acerca de muitas questões clichês, provavelmente nada muito diferente do que você já tenha lido ou escutado em algum momento de sua vida.
Cidades de Papel conta a história de um adolescente apaixonado por sua vizinha linda e popular. Dias antes da formatura da escola a menina desaparece, deixando pistas de uma suposta fuga programada. A história se desenrola na busca pela menina e entre questionamentos típicos de adolescentes, como a futilidade no meio escolar, os problemas existenciais e familiares e a busca por uma identidade própria.
Mas uma questão levantada por Green me fez refletir. Ele usou a expressão pessoas de papel para representar a vida que muitos levam. Pessoas de papel seriam aquelas pessoas que passam a vida dentro de formatos pré-estabelecidos. Seja pela família, pela sociedade ou grupo em que vivem. Tal expressão me remeteu a uma expressão muito utilizada na faculdade de direito: o papel aceita tudo. E assim são as pessoas de papel. Aceitam tudo que lhes é imposto, como em um roteiro de novela, em que cada personagem já tem seu destino previamente estabelecido. E o que é pior, esse destino somente muda conforme a opinião pública.
Quantas vezes nos sentimos assim, pessoas de papel, em cidades de papel, em empregos de papel, em relações de papel? Mais do que gostaríamos, com certeza. No livro, a solução para essas pessoas de papel foi a fuga, a tentativa de recomeçar longe dos roteiros, dos personagens que as rondavam, das situações que não faziam sentido ou que não traziam nenhum valor significativo.
Na vida real a solução parece ser a mesma, com exceção da fuga, posto que fugir não é o melhor caminho. Afastamento sim, porém não antes do enfrentamento. O enfrentamento às vezes pode ser dolorido, mas no fim das contas é libertador. Enfrentar nossos medos, nossas dificuldades, nossas verdades mais escabrosas, nossos pensamentos mais insanos, nossos dissabores e desencontros, nossos inimigos mais íntimos, os defeitos mais criticados.
Estarmos lúcidos de tudo o que não queremos mais, para somente depois deixar de lado tudo que não nos é valioso, tudo que não é feito com carinho, afeto e respeito. Afastar-se do que não nos traz bem estar, do que parece não fazer sentido ou que nos faz questionar incessantemente: "até onde tudo isso vale a pena ?". Enfrentar e afastar. Atitudes essenciais para não nos sentirmos assim, de papel.
Que o papel nos traga somente a percepção de coisas boas: um bom livro, uma carta de amor, um poema perdido em um guardanapo, um bilhete no final do dia. Porque o papel aceita tudo, sim. Cabe a você diferenciar o que vale a pena ou não.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Saudade sem fim
O ano já começou, janeiro já finda e a sensação de que o tempo nos engole renova-se a cada passar de hora, de dia, de semana. A correria e esse nonsense virtual dos dias atuais, aliados à manifestações de pessoas próximas (mesmo que virtualmente aliás) a respeito da saudade e da dor que ela causa me fizeram refletir acerca do que eu sinto mais saudades nos dias atuais.
Nostalgia dos tempos em que férias de verão duravam 3 meses, os feriados de Natal começavam no primeiro dia de dezembro, as aulas somente em março. Saudades da ausência de preocupações que não as de brincar muito, não fazer nada, aproveitar cada raio de sol, tomar sorvete com coca sem peso na consciência, passar o dia na piscina e não se preocupar se o fator do protetor solar dava conta.
Saudades de quando as estrelas eram vistas de madrugada deitada no chão frio, quando um olhar significava mil palavras, quando declarações de amor e de amizade eram feitas com música da Legião.
Sinto falta das horas de leitura em silêncio mútuo, do compartilhar medos e angústias olho no olho, sem nenhuma "curtida". Compartilhar, inclusive, significava uma troca: compartilhavam-se livros, cds, revistas, um vestido bacana, uma calça diferente. O que era meu e você gostava, era seu também. Saudades de tirar uma foto e ter a expectativa em saber como ficou até a hora da revelação. Essas realmente captavam o espírito da coisa, e não biquinhos, poses e cabelos do mesmo lado, padronizados em cliques pré-concebidos e editados.
Saudades em aguardar uma carta, olhar a caixa de correio todos os dias e rasgar o envelope em completo êxtase. Saudades de gente que abraça, gente que chora, que ri e que te critica de frente, pra depois oferecer um colo e um afago, compartilhando afeto e não links.
Saudades de mais conversas francas, com tons de voz em diferentes escalas, mãos que falam, e não em letras em caixa alta. Sinto falta de tudo que me era dito, cantado, silenciado, dividido sem precisar pedir, solicitar, exigir. Saudades das minhas amigas amadas, que se reconhecem em mim, como nelas eu me reconheço e me reencontro, mesmo que a longas distâncias, muitos meses ou anos já passados. Saudades de mim mesma quando com elas dividia o meu melhor e também os meus defeitos. Saudades enfim. Uma dor que aquece, pois traz a memória à tona e com isso revivo sentimentos, sensações e certezas que permanecem por aqui, bem fundo no peito. E como já andei dizendo
A saudade é a falta potencializada
Impregnada em memórias e lembranças
Amizade que o coração alcança
Mesmo que os braços para os abraços
Permaneçam distantes.
Nostalgia dos tempos em que férias de verão duravam 3 meses, os feriados de Natal começavam no primeiro dia de dezembro, as aulas somente em março. Saudades da ausência de preocupações que não as de brincar muito, não fazer nada, aproveitar cada raio de sol, tomar sorvete com coca sem peso na consciência, passar o dia na piscina e não se preocupar se o fator do protetor solar dava conta.
Saudades de quando as estrelas eram vistas de madrugada deitada no chão frio, quando um olhar significava mil palavras, quando declarações de amor e de amizade eram feitas com música da Legião.
Sinto falta das horas de leitura em silêncio mútuo, do compartilhar medos e angústias olho no olho, sem nenhuma "curtida". Compartilhar, inclusive, significava uma troca: compartilhavam-se livros, cds, revistas, um vestido bacana, uma calça diferente. O que era meu e você gostava, era seu também. Saudades de tirar uma foto e ter a expectativa em saber como ficou até a hora da revelação. Essas realmente captavam o espírito da coisa, e não biquinhos, poses e cabelos do mesmo lado, padronizados em cliques pré-concebidos e editados.
Saudades em aguardar uma carta, olhar a caixa de correio todos os dias e rasgar o envelope em completo êxtase. Saudades de gente que abraça, gente que chora, que ri e que te critica de frente, pra depois oferecer um colo e um afago, compartilhando afeto e não links.
Saudades de mais conversas francas, com tons de voz em diferentes escalas, mãos que falam, e não em letras em caixa alta. Sinto falta de tudo que me era dito, cantado, silenciado, dividido sem precisar pedir, solicitar, exigir. Saudades das minhas amigas amadas, que se reconhecem em mim, como nelas eu me reconheço e me reencontro, mesmo que a longas distâncias, muitos meses ou anos já passados. Saudades de mim mesma quando com elas dividia o meu melhor e também os meus defeitos. Saudades enfim. Uma dor que aquece, pois traz a memória à tona e com isso revivo sentimentos, sensações e certezas que permanecem por aqui, bem fundo no peito. E como já andei dizendo
A saudade é a falta potencializada
Impregnada em memórias e lembranças
Amizade que o coração alcança
Mesmo que os braços para os abraços
Permaneçam distantes.
Minha saudade é todinha de vocês.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Desejos de ano novo
No último dia do ano, desejo que você consiga deixar para trás tudo o que não merece ser levado adiante. Deixemos para trás toda a mágoa e toda tristeza. Deixemos para trás toda a incerteza e toda a insegurança.
Limpe as gavetas dos maus sentimentos, dê lugar ao amor, à alegria, à esperança e à solidariedade.
Reserve um espaço para novos sonhos, novos amigos e reorganize o espaço dos antigos amigos que andam merecendo mais atenção.
Faxine os armários da mesmice, tire o pó das ideias antigas, areje o depósito dos novos projetos, ouse, invista no que você sempre sonhou e desejou, reinvente-se como sempre idealizou.
Ame mais, distribua mais abraços e carinhos, escute e compartilhe boas palavras. Confraternize com a família, afaste-se de quem te faz mal e reencontre-se com você mesmo na sua essência mais genuína.
Trabalhe com prazer e dedicação, cultive boa educação, gentileza e disposição.
Cuide da sua saúde, dê atenção aos seus filhos, mime o seu amor, zele pelos seus pais. Ore por quem você ama, por aqueles que necessitam e por quem mais você achar necessário.
Converse com seu vizinho ou com um desconhecido no elevador. Distribua sorrisos, propague entusiasmo, compartilhe a felicidade. E se for necessário, divida suas angústias, desabafe suas tristezas, apazigue sua solidão na companhia de um amigo, se aconchegue no colo de sua mãe.
Viva intensamente, sem pudores ou ressalvas, não dê importância à opinião alheia e tome cuidado com as palavras ditas sem pensar. Faça exercícios, coma mais consciente e durma melhor. Mantenha-se longe de fofocas e de pessoas negativas, compre flores para sua casa, para você ou para seu amor.
E acima de tudo, ame, ame muito. Ame sua família, seus amigos, seu trabalho, sua vida. Ame o próximo e ame você mesmo. Irradie amor. Dessa forma, o universo e todos que te rodeiam serão mais generosos, mais amorosos. Ame e deixe que os outros te amem também. Um feliz e abençoado novo ano que se inicia.
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